Esse é um blog com tópicos sobre neuropsicologia voltados para o interesse clínico em geral
sexta-feira, 10 de julho de 2015
COMO A ANSIEDADE AFETA O SEU COROPO - REAÇÕES FISIOLÓGICAS: PSICOEDUCAÇÃO
Ninguém gosta de sofrer episódios de estresse ou ansiedade –e, quando isso se torna uma ocorrência crônica, os impactos podem variar de uma irritação pouco importante até um perigo para a saúde. Quer você esteja sofrendo uma situação altamente estressante isolada ou seja um dos 40 milhões de americanos que sofrem de transtorno de ansiedade, sua reação física à emoção pode afetá-lo de mais maneiras do que você imagina. Leia mais para descobrir como a ansiedade modifica seu corpo, quer seja uma reação imediata ao estresse ou uma batalha de longo prazo.
Alissa Scheller para o The Huffington Post.
Quando seu corpo sofre o efeito da ansiedade, você pode apresentar...
Problemas de garganta. Aquela voz esganiçada que parece ter tomado conta de suas cordas vocais é sua reação imediata a uma situação estressante. Quando sentimentos de ansiedade se manifestam, os fluidos são desviados para partes mais essenciais do corpo, provocando espasmos nos músculos da garganta. Isso resulta em constrição, deixando a garganta seca e provocando dificuldade em engolir.
Reações hepáticas. Quando o corpo sofre estresse e ansiedade, o sistema suprarrenal produz uma quantidade excessiva de cortisol, o hormônio do estresse. Essa produção hormonal leva o fígado a produzir mais glicose, o açúcar sanguíneo de alto teor energético que desencadeia nossas reações de “lutar ou fugir”. No caso da maioria das pessoas, esse açúcar sanguíneo adicional no corpo pode ser reabsorvido sem causar danos reais. Mas as pessoas com risco de diabetes podem ter problemas de saúde com o açúcar sanguíneo adicional.
Reações de pele. Aquele suor frio ou o rubor quente de seu rosto são sinais externos de estresse imediato e são devidos a uma mudança no fluxo sanguíneo. Quando sofremos ansiedade, o sistema “lutar ou fugir” do corpo manda mais sangue aos músculos – uma reação útil quando há necessidade imediata de usá-los. Mas uma exposição de longo prazo a essa reação pode acelerar o envelhecimento da pele. Outras reações de pele incluem a transpiração e até elevações no nível de histamina, que podem gerar inchaço. De acordo com o Centro Médico da Universidade de Maryland, o estresse e ansiedade agudos também podem desencadear eczema.
Ativação do baço. A ansiedade não afeta apenas os órgãos mais óbvios, como cérebro e coração: ela atinge até as funções internas, como o baço e as células sanguíneas. Para distribuir mais oxigênio ao corpo, que pode ter sofrido baixa de oxigênio durante a situação que provocou o estresse, o baço descarrega glóbulos vermelhos e brancos adicionais. Seu fluxo sanguíneo aumenta em 300% a 400% durante esse processo, para preparar o resto do corpo para demandas adicionais.
Tensão muscular. Quando você começa a sentir ansiedade, seu corpo naturalmente fica mais rígido, tensionando os grandes grupos musculares. O estresse e ansiedade crônicos podem exacerbar essa tensão, resultando em dores de cabeça, ombros enrijecidos, dor na nuca e até enxaquecas. As pessoas submetidas a estresse constante sofrem risco maior de problemas musculoesqueléticos crônicos.
Depois de algum tempo, a ansiedade crônica pode afetar...
Seu coração. Os estressados e ansiosos crônicos apresentam risco maior de problemas cardiovasculares, devido à frequência cardíaca constantemente elevada, a pressão sanguínea elevada e a superexposição ao cortisol. De acordo com a Associação Psicológica Americana, o estresse de longo prazo pode acarretar hipertensão, arritmias e um risco aumentado de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
Seus pulmões. Estudos comprovam que existe uma relação entre os sofredores de transtornos de ansiedade e a asma. Os asmáticos também têm probabilidade maior de sofrer ataques de pânico. De acordo com pesquisa conduzida pela USP, também pode existir um vínculo entre ansiedade, asma e seus efeitos sobre o equilíbrio.
Seu cérebro. A reação mais evidente à ansiedade é a resposta psicológica à condição. O estresse e ansiedade crônicos podem afetar áreas do cérebro que influenciam a memória de longo prazo, a memória de curto prazo e a produção química, o que pode resultar num desequilíbrio. Soma-se a isso o fato de que o estresse crônico pode ativar continuamente o sistema nervoso, que, por sua vez, pode influenciar outros sistemas do corpo, desencadeando reações físicas, desgaste corporal, fadiga e outros sintomas.
As pessoas que sofrem de ansiedade também têm dificuldade em adormecer, pelo fato de ficarem remoendo pensamentos preocupantes. Aproximadamente 54% das pessoas dizem que o estresse e a ansiedade influenciam sua capacidade de pegar no sono, e mais de 50% dos homens e 40% das mulheres sofrem dificuldades de concentração no dia seguinte em consequência disso, revela a Associação de Ansiedade e Depressão americana.
Seu sistema imunológico. A exposição ao estresse pode cobrar um preço do sistema imunológico, levando essa função a ser suprimida devido à reação “lutar ou fugir” de seu organismo. Estudos constataram também que, quando estamos estressados, temos mais chances de contrair um resfriado e ficamos mais suscetíveis a infecções e inflamações.
Seu estômago. Quando seu corpo sofre estresse, ele não regula corretamente a digestão dos alimentos. O estresse crônico e extremo pode ter efeitos de longo prazo sobre os intestinos e os nutrientes que eles absorvem, provocando refluxo, inchaço, diarreia e ocasionalmente até o descontrole intestinal.
O estresse e a ansiedade de longo prazo também podem alterar o metabolismo corporal, levando ao ganho de peso e possivelmente à obesidade. Um estudo constatou que a liberação constante de cortisol no sangue pode reduzir a sensibilidade à insulina, e outra pesquisa recente encontrou uma associação entre adultos que sofrem de ansiedade e úlceras diagnosticadas por médicos.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
FOBIA DA PSIQUÊ
Antônio
Geraldo da Silva, psiquiatra: 'O pai do estigma se chama Hollywood'
Estudioso da psicofobia (pânico de doenças mentais), mineiro, que mora
em Brasília e preside associação da classe, veio ao Rio a trabalho
POR LEONARDO CAZES
01/07/2015 6:00 / ATUALIZADO 01/07/2015
18:44
Segundo o
presidente Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, só
no Brasil 50 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental -
Pedro Kirilos / Agência O Globo
“Nasci em Grão Mogol, no interior
de Minas Gerais, há 51 anos, passei a maior parte da vida em Montes Claros e
atualmente moro em Brasília. Sou casado, tenho uma filha e faço doutoramento em
psiquiatria na Universidade do Porto, em Portugal. Estou no meu segundo mandato
à frente da Associação Brasileira de Psiquiatria”
Conte
algo que não sei
Vou contar o que é psicofobia. Há
milêniosexiste um grande preconceito contra doenças mentais. Várias pessoas
foram queimadas em fogueiras porque ouviam vozes. Sempre foram segregadas,
vistas como fardo.
Qual
o tamanho desta população tão estigmatizada?
Só no Brasil temos
cerca de 50 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental. No mundo,
um bilhão. Em geral, ninguém sabe, nem os doentes, que escondem sua condição e
ignoram que podem se tratar.
Por
que números tão altos?
O estresse hoje em dia é um
grande facilitador da doença mental, atuando em tendências preexistentes. Você
dorme pouco, come mal, não se exercita e vive sob uma pressão brutal. Cinco das
dez principais causas de afastamento do trabalho são relacionadas a transtornos
mentais.
O
ambiente de trabalho é hostil ao doente mental?
As pessoas não toleram que as
outras mudem e que tenham perdas de produção. Aí dizem que é só preguiça, falta
de vontade e até de caráter. Quem tem transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH) sofre um preconceito monstruoso.
O
que ocorre, no caso?
Virou moda dizer que essa doença
não existe, que é inventada. Acontece que tem dois mil anos. Quero saber quem
conheceu esse cara que a inventou.
Há o
próprio preconceito do doente, não?
Tem o autopreconceito: “Não vou
procurar um psiquiatra, não sou louco”. Só que isso muda completamente o
prognóstico da doença, ela se torna crônica. O que mais queremos hoje é a
intervenção precoce. Estimular uma mudança de comportamento aos primeiros
sintomas para que nem seja preciso entrar com medicação. Claro que há casos em
que ela é indispensável desde o início.
Quais
são esses primeiros sinais das doenças?
Há várias possibilidades
dependendo de qual doença. Tristeza, desânimo, falta de prazer, de alegria, em
geral é depressão. Se o coração dispara, tem sensação de sufocamento, é
transtorno de pânico. E assim em uma série de situações. Quando há modificações
de hábitos ligados a instinto, como sono e apetite, tem que cuidar.
O
medo do desconhecido explica o preconceito?
Sim. As pessoas acham que é
perigoso porque não sabem do que se trata. Então é melhor separar, discriminar.
Fizeram isso com os hospitais psiquiátricos. Por que não há unidades de
psiquiatria no hospital geral? Porque ninguém quer doente mental dentro do
hospital.
Por
que o senhor escolheu a psiquiatria?
Porque eu gosto do ineditismo e
também pela possibilidade que a especialidade dá de ajudar as pessoas que têm
suas vidas destruídas por quadros psiquiátricos a voltarem a viver. Todo dia há
um fato novo na psiquiatria. Nada se repete. E é isso que me impressiona.
Na
queda do avião alemão, logo surgiu a informação de que o piloto tinha
depressão. Isso aprofunda o estigma?
O pai do estigma, de sua
difusão, se chama Hollywood. São filmes e mais filmes que discriminam o doente.
Sabe quando a pessoa tem febre, não se consegue explicar a razão e chamam de
virose? É a mesma coisa. Quando não se tem explicação para um fato, dizem que é
doente mental, e tudo se resolve.
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